terça-feira, 10 de agosto de 2010

ADONIRAN BARBOSA


Adoniran Barbosa
Ícone do samba paulista completa 100 anos em 2010

São Paulo, agosto de 2010 - Há exatos 100 anos, em 6 de agosto de 1910, nascia João Rubinato em Valinhos (SP). Criado no bairro do Bixiga, na capital paulista, o filho de imigrantes italianos teve diversas profissões antes de se tornar um dos nomes mais conhecidos do samba paulista. Difícil identificar quem é? Nem tanto! Provavelmente você conhece Adoniran Barbosa, autor de sucessos como Tiro ao Álvaro, Saudosa Maloca, Trem das Onze e tantas outras são já clássicos de nossa música.

De voz rouca e cantando em português errado, com um sotaque típico do Bixiga, ele compôs e cantou uma São Paulo em crescimento e o cotidiano dos menos favorecidos, seus desamores e problemas de forma bem humorada, quase como uma crônica social. Mesmo com o sonho de ser ator (e foi), começou a carreira artística no rádio, onde criou o personagem Adoniran Barbosa, que acabou adotando por causa da popularidade.

Sua trajetória como músico, como cantor, suas história, o rádio e a TV, seu personagem Charutinho, a parceria com os Demônios da Garoa, e muito mais, são contadas em biografias recentes. Confira abaixo:

Para um dos cronistas de São Paulo, Lourenço Diaféria, Adoniran era um pedaço da alma desta cidade. "Não construiu o concreto, não a pedra, não a matéria – mas foi o obreiro do alicerce poético de São Paulo. Integrado na vida urbana deste vulcão maluco, foi um pouco beija-flor, um pouco corvo, que paira adeja, mergulha e se dilui. Mas volta sempre ao horizonte, quer nos miasmas, quer nos perfumes. Nada do que era a cidade foi estranho a Adoniran. Ele cantou o amor, o desespero, a exploração imobiliária, a alegria, o trânsito, o cavaco, o progresso, o trabalho a morte e – sempre, a todo o momento – o homem. Restamos todos um pouco Arnestos, Iracemas, Jocas e Mato Grossos feridos pelo desmoronamento dos tijolos desse barraco frágil, desajeitado, mambembe e transitório que é a vida. Com a morte de Adoniram, a sensibilidade precária e a poesia tosca de São Paulo fica ao relento. É como se o trem das onze tivesse levado, numa nuvem de jaçanãs, enquanto ficamos na estação, o lenço branco da saudade, acenando em vão. A menos que sejamos práticos e frios: então diremos que, na verdade, o poeta não morre. Ele apenas constrói sua missão, alimenta a alma da cidade – e depois sai a tocar seu cavaquinho para os anjos."
(Autores Solange Fonzar, colunista ONNE e Fred Rossi)

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