sábado, 18 de setembro de 2010

Teus olhos entristecem



Teus olhos entristecem
Nem ouves o que digo.
Dormem, sonham esquecem...
Não me ouves, e prossigo.
Digo o que já, de triste,
Te disse tanta vez...
Creio que nunca o ouviste
De tão tua que és.

Olhas-me de repente

De um distante impreciso
Com um olhar ausente.
Começas um sorriso.

Continuo a falar.

Continuas ouvindo
O que estás a pensar,
Já quase não sorrindo.

Até que neste ocioso

Sumir da tarde fútil,
Se esfolha silencioso
O teu sorriso inútil. 
Fernando pessoa

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