quinta-feira, 19 de março de 2015

O romance Capitães da areia, do escritor Jorge Amado



O romance Capitães da areia, do escritor Jorge Amado, foi publicado em 1937. O livro teve a primeira edição apreendida e exemplares queimados em praça pública de Salvador por autoridades da ditadura. A partir de 1944, quando uma nova edição é lançada, entra para a história da literatura brasileira, assim como outros livros do autor, traduzidos para diversos idiomas e adaptados para rádio, teatro e cinema.
Pedro Bala, João Grande, Dora, Sem-Pernas, Professor, Boa-Vida, Pirulito, Volta-Seca, Gato, Zé Fuinha e João-de-Adão. Estes são todos os personagens importantes do belo romance de Jorge Amado . Todos são garotos de rua, vivem na cidade de Salvador, na Bahia e para sobreviverem, se escondem em um lugar de más condições, O Trapiche, no qual todas as noites eles se juntam e elaboram planos de como continuar suas vidas.
Eles roubam para conseguir uma roupa melhor que não seja os farrapos que vestem, roubam para comer e às vezes, por prazer. Outra forma de sobrevivência que alguns meninos arranjaram é fazer serviço pra gente grande. No Ponto das Pitangueiras eles combinam um serviço de levar um embrulho até certo local e trocar, o que sempre fazem com sucesso e ganham uns trocados por isso.
Capitães da Areia trata da problemática do menor abandonado e das suas consequências: a violência, a criminalidade, a discriminação e a prostituição. A narrativa inicia-se com uma sequência de Cartas à Redação do Jornal da Tarde – Carta do Secretário do Chefe de Polícia; Carta do doutor Juiz de Menores; Carta de uma Mãe Costureira; Carta do Padre José Pedro; Carta do Diretor do Reformatório – a fim de debater as questões referentes a crianças que viviam do furto e infestavam a cidade. São apresentados, logo em seguida, três capítulos: “Sob a lua num velho trapiche abandonado”; “Noite de grande paz, da grande paz dos teus olhos” ; Canção da Bahia, “Canção da Liberdade”.
Uma parte emocionante do livro é quando um carrossel, que não era novo, mas sua velhice ainda dava pra encantar todos os capitães da areia, principalmente o Sem-Pernas, que ajudou a montar o aparelho e chamou o resto pra apreciar também. Foi um momento de paz interna para os garotos que tinham que levar uma vida tão dura. “Neste momento de música eles sentiram-se donos da cidade. E amaram-se uns aos outros, se sentiram irmãos porque eram todos eles sem carinho e sem conforto e agora tinham o carinho e conforto da música.” (Para mim, esse é o capítulo mais forte e emocionante do livro).
Um fato importante também é quando surge uma doença chamada Alastrim, que se espalha pela Bahia matando muita gente pobre, porque os ricos tomaram a vacina e se livraram. Alguns capitães da areia morrem e o destino faz com que Dora e Zé Fuinha se juntem ao bando, porque a mãe deles morrera da doença e os dois irmãos que já não tinha mais pai também saíram à procura de emprego, mas sem sucesso, ninguém queria dar emprego para crianças que tiveram contato com alguém contaminado com o Alastrim. Um dia, João Grande e Professor acham os dois e os leva para o trapiche, o que causa um grande escândalo, pois só viviam garotos lá e de repente, chega Dora, que é aceita depois de muita conversa.

Jorge Amado em seu processo criativo

Com o tempo, essa menina chamada Dora se tornou a grande estrela do trapiche, era a “mãe” de todos, pois lavava as roupas, penteava cabelos, dava cafuné e era muito boa para todos e acabou confortando o coração desses meninos tão carentes de amor e carinho. No fim até rola um romance da Dora com um dos capitães, mas isso eu não falo, sem spoiller , isso é resenha (:
Os garotos vão crescendo e Jorge Amado vai desenrolando o que vai acontecendo com cada um, o destino separado de todos, alguns previsíveis, outros não. Cada menino tinha um desejo forte quando criança e ao final descobrimos as realizações e deslizes do futuro. Eu ficaria horas aqui escrevendo sobre essa história, mas minha resenha tem que chegar ao fim e até penso que falei demais. Realmente é um dos melhores livros que eu já li na minha vida, tenho certeza que você não vai se arrepender ao ler este romance. Com o sucesso do livro que permeia várias gerações, a obra também ganhou espaço no cinema. Confira abaixo uma listinha com o nome dos personagens, suas características etc. Ah, e boa leitura ! Beijos.
Pedro Bala: líder dos Capitães da Areia, tem o cabelo loiro e uma cicatriz de navalha no rosto, fruto da luta em que venceu o antigo comandante do bando. Seu pai, conhecido como Loiro, era estivador e liderara uma greve no porto, onde foi assassinado por policiais.

Pirulito: era o mais cruel do bando, até que, tocado pelos ensinamentos do padre José Pedro, converte-se à religião. Executa, com os demais, os roubos necessários à sobrevivência, sem jamais deixar de praticar a oração e sua fé em Deus. 
Sem-pernas: deficiente físico, possui uma perna coxa. Preso e humilhado por policiais bêbados, que o obrigaram a correr em volta de uma mesa na delegacia até cair extenuado, Sem-Pernas conserva as marcas psicológicas desse episódio, que provocou nele um ódio irrefreável contra tudo e todos, incluindo os próprios integrantes do bando.
Gato: é o galã dos Capitães da Areia. Bem-vestido, domina a arte da jogatina, trapaceando, com seu baralho marcado, todos os que se aventuram numa partida contra ele. Além dos furtos e do jogo, Gato consegue dinheiro como cafetão de uma prostituta chamada Dalva.

Gato: é o galã dos Capitães da Areia. Bem-vestido, domina a arte da jogatina, trapaceando, com seu baralho marcado, todos os que se aventuram numa partida contra ele. Além dos furtos e do jogo, Gato consegue dinheiro como cafetão de uma prostituta chamada Dalva. 

Professor: intelectual do grupo, deu início às leituras depois de um assalto em que roubara alguns livros. Além de entreter os garotos, narrando as aventuras que lê, o Professor ajuda decisivamente Pedro Bala, aconselhando- o no planejamento dos assaltos.
Pirulito: era o mais cruel do bando, até que, tocado pelos ensinamentos do padre José Pedro, converte-se à religião. Executa, com os demais, os roubos necessários à sobrevivência, sem jamais deixar de praticar a oração e sua fé em Deus.
Boa-vida: o apelido traduz seu caráter indolente e sossegado. Contenta-se com pequenos furtos, o suficiente para contribuir para o bem-estar do grupo, e com algumas mulheres que não interessam mais ao Gato.
João Grande: é respeitado pelo grupo em virtude de sua coragem e da grande estatura. Ajuda e protege os novatos do bando contra atos tiranos praticados pelos mais velhos.
Volta Seca: admirador do cangaceiro Lampião, a quem chama de padrinho, sonha um dia participar de seu bando.
Dora: seus pais morreram, vítimas da varíola, quando tinha apenas 13 anos. É encontrada com seu irmão mais novo, Zé Fuinha, pelo Professor e por João Grande. Ao chegar ao trapiche abandonado, onde os garotos dormem, Dora quase é violentada, mas, tendo sido protegida por João Grande, o grupo a aceita, primeiro como a mãe de que todos careciam, depois como a valente mulher de Pedro Bala.
Padre José Pedro: padre de origem humilde, só conseguiu entrar para o seminário por ter sido apadrinhado pelo dono do estabelecimento onde era operário. Discriminado por não possuir a cultura nem a erudição dos colegas, demonstra uma crença religiosa sincera. Por isso, assume a missão de levar conforto espiritual às crianças abandonadas da cidade, das quais os Capitães da Areia são o grande expoente.
Querido-de-Deus: grande capoeirista da Bahia, respeita o grupo liderado por Pedro Bala e é respeitado por ele. Ensina sua arte para alguns deles e de Jorge amado exerce grande influência sobre os garotos.

Padre José Pedropadre de origem humilde, só conseguiu entrar para o seminário por ter sido apadrinhado pelo dono do estabelecimento onde era operário. Discriminado por não possuir a cultura nem a erudição dos colegas, demonstra uma crença religiosa sincera. Por isso, assume a missão de levar conforto espiritual às crianças abandonadas da cidade, das quais os Capitães da Areia são o grande expoente. 
 Obra de Jorge Amado em 1937.

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