José de Alencar (1829-1877)
Tempo Narrativo - Livro "TIL"
A obra foi escrita em 1872, mas resgata um passado de intrigas, segredos, amores e vinganças que vai de 1826, passado das personagens, a 1841, presente deles.
O tempo narrativo é cronológico, mas o narrador utiliza-se de dois planos temporais: na primeira parte da obra, temos a linearidade absoluta; na segunda parte, mescla flashbacks e revelações da primeira parte.
Os primeiros capítulos o narrador prende-se a apresentar a origem das personagens e suas ligações. Como o romance foi inicialmente publicado em folhetins, os desvendamentos posteriores dos dramas humanos ofereciam o suspense necessário para que os leitores consumissem folhetins; além disso, o recurso era bem-vindo ao Romantismo. Os antigos folhetins representavam exatamente o que as novelas da televisão representam hoje: a trama parte de certo ponto do qual o leitor/telespectador começa a acompanhá-la para esclarecer os mistérios que vão surgindo; por essa razão, a narrativa volta ao passado para explicar a origem das personagens.
Embora não se possa esperar do romance a linguagem regionalizada, Alencar tratou de colocar em evidência alguns costumes rurais da época. O princípio da simplicidade na escrita, já que a burguesia era a principal consumidora da produção literária no período; portanto, os textos deveriam ser simples e inteligíveis para aquela classe social.
Foco Narrativo
A narração do romance é feita em terceira pessoa. O narrador é onisciente; ele conhece, sabe todos os pensamentos e planos das personagens e os revela ao leitor. Entretanto, em alguns fragmentos, surge um narrador em primeira pessoa, relembrando os acontecimentos ou interrogando-os. Isso ocorre pelo fato de ter sido publicado anteriormente em folhetins, criando uma espécie de “conversa” com o leitor a fim de que o narrador pudesse emendar os assuntos.
Personagens
- Afonso, irmão de Linda e apaixonado por Berta;
- Berta, também conhecida como Til, personagem principal, descrita como "pequena, esbelta, ligeira, buliça, altruísta";
- Besita, mãe de Berta, assassinada pelo seu marido, Ribeiro;
- Brás, deficiente mental, sobrinho de Luís Galvão;
- Chico Tinguá, dono da hospedagem da estrada de Santa Bárbara, amigo de Jão Fera.
- Domingão, professor de "primeiras letras", um "mestre latagão de verbo alto e punho rijo";
- Dona Ermelinda, esposa de Luís Galvão, não conhece o passado do marido;
- Faustino, pajem de Luís Galvão, participante da trama para matar seu amo. Foi morto por Jão Fera;
- Gonçalo Suçuarana, também conhecido com Pinta, jagunço, tinha inveja da fama ameaçadora de Jão Fera. Foi morto por Jão Fera;
- Inhá Tudinha, viúva, mãe de Miguel e mãe adotiva de Berta;
- Jão Fera, também conhecido como Jão Bugre, jagunço, apaixonado por Besita (mãe de Berta) na juventude, zela por Berta à pedido de sua amada;
- Linda, filha de Luís Galvão e amiga de Berta, apaixonada por Miguel;
- Luís Galvão, pai de Linda, marido de dona Ermelinda;
- Miguel, filho de Inhá Tudinha, inicialmente apaixonado por Berta, passa a gostar de Linda à pedido de sua amada;
- Monjolo, escravo de Luís Galvão, participante da trama para matar seu amo. Foi morto por Jão Fera;
- Ribeiro, também conhecido como Barroso, marido de Besita, matou sua esposa por ciúmes;
- Zana, mucama de Besita, enlouqueceu após presenciar a morte da ama;
Características da Obra
- Trata-se de um romance Regionalista da escola literária do Romantismo, seu autor, Jose de Alencar busca mostrar a vida do Caipira do interior de São Paulo do seculo XIX, vocabulário e costumes da região, as diferenças sociais da época (escravos, capangas, pobres e ricos donos de terras).
- O Romance é ambientalizado em Campinas, interior de SP, onde ha’ o contraste entre aspectos sociais, marginalização que sofrem personagens pobres como Miguel (que para casar-se com Linda teve de ir estudar na capital). Mostra-se também um pouco do namoro da época e festas como a de São João.
- Mostra-se o ambiente dos escravos e senzala e seus conflitos como a rivalidade entre duas negras, além da marginalização consciente dos escravos como Faustino e Monjolo, os quais conspiram para a morte de Galvão.
- O Romance, publicado em 1872, segue o clima do Folhetim em que os capítulos são curtos e terminam num momento de clímax. Além disso, a temática do suspense e do soturno são marcas registrados da obra, que é repleta de aventuras, momentos de tensão como quando Berta corre perigo fugindo de Porcos selvagens furiosos.
- No Livro, Berta é sempre comparada a Flor, no capitulo inicial surge uma imagem de flor bela, mas imatura; já no fim do livro (no poente do sol) a imagem da flor se repete mostrando a “Flor Interior” cheia de caridade e abnegação.
Fonte: Travessia Poética.com.br
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