Ex-alunos se emocionam ao receberem cartas escritas há 25 anos
Filhas de um professor descobriram, após a morte dele, 130 cartas escritas por ex-alunos há mais de 20 anos e decidiram continuar a missão do pai.
Link para ver o video : http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2015/01/ex-alunos-se-emocionam-ao-receberem-cartas-escritas-ha-25-anos.html
Às vésperas da formatura no ensino técnico, um professor pediu aos alunos que escrevessem uma carta endereçada a eles mesmos. Mas que só seria aberta no futuro. O ano era 1990. Fernando Collor de Mello tomava posse como presidente. O Brasil era eliminado pela Argentina na Copa da Itália. A internet dava seus primeiros passos, ainda distante do público. E Paul McCartney fazia pela primeira vez um show no país.
Os estudantes, na época jovens entre 17 e 19 anos, viviam a descoberta do amor, a escolha da carreira. As questões típicas da idade.
As cartas ficaram guardadas com o professor por mais de duas décadas. E há poucos meses, em outubro de 2014, o professor Geraldo chegou à escola carregando uma mochila. E, no local, começou a passar mal e pouco tempo depois morreu de um infarto fulminante. Na mochila do professor, as filhas encontraram 130 cartas lacradas.
E não tiveram dúvida. Para elas, as cartas seriam postadas naquele dia, mas não houve tempo.
Michelle Moreira, filha do professor Geraldo: Estavam as cartas embaladas em um plástico branco. Puxei, quando eu olhei, falei "Daniele, o que é isso aqui, Daniele?" Aí nós lembramos. Nunca tínhamos visto. Mas ele sempre contava.
Fantástico: O que ele contava?
Michelle: Pedia que os alunos escrevessem. No último dia de aula, escrevessem para eles no futuro. Cresci ouvindo isso.
Fantástico: O que ele contava?
Michelle: Pedia que os alunos escrevessem. No último dia de aula, escrevessem para eles no futuro. Cresci ouvindo isso.
“Mas aquilo, né? Lenda, nós nunca vimos. Nunca tínhamos visto. Na hora meu marido subiu e falou "vocês vão ter que continuar isso", contou a filha do professor Geraldo.
Virou a missão da Danielle e da Michelle. Elas se tornaram as carteiras do professor Geraldo. Michelle, a partir de Niterói, no Rio de janeiro. Danielle, de Sydney, na Austrália, onde mora.
“Essas cartas têm sido muito símbolo do amor. Essa semente que papai plantou em cada um. Você rever suas memorias e repensar sua vida. E é isso. É multiplicar essa semente do bem, é fazer a gente seguir em frente, porque papai sempre falava de encontros e desencontros”, diz Danielle Lima, designer.
As cartas foram postadas a partir de 24 de dezembro. E, como um presente de Natal, vindo do passado, começaram a chegar às casas dos ex-alunos.
“Espero que o lugar onde você esteja trabalhando, que você esteja contente”, dizia uma das cartas.
“Hoje é um dia que eu nunca tinha imaginado”, falava outra.
“Adorei mesmo este colégio, e pretendo continuar a frequentá-lo”, dizia outra.
“Por favor, Renata, assim que você ler essa carta, espero que você esteja melhor...”, disse outro aluno.
Na época em que escreveu a carta, Zé Alexandre tinha 18 anos. Estava pensando em prestar vestibular para engenharia química. E namorava havia seis meses uma colega de classe, Elaine.
“Eu dedico essa carta a quem eu amo, que conheci aqui nesta escola e que tenho certeza que estará comigo quando eu receber essa carta”, escreveu Zé Alexandre.
E, quase 25 anos depois, eles continuam juntos. Elaine e Zé Alexandre são casados e têm dois filhos. Elaine também recebeu a própria carta e a leu ao lado do agora marido.
“Só sei de uma coisa, esses quatro anos, foram um dos melhores que já vivi até hoje... Conheci as pessoas mais importantes pra mim... os meus verdadeiros amigos. Tenho certeza que seremos amigos sempre. Como também adoro essa escola para sempre. Elaine”, escreveu ela.
“Eu consegui ver a Elaine de 24 anos atrás, eu consegui me reaproximar dela e ver que a essência não mudou. O presente maior que essas cartas trouxeram foi isso.”, diz Elaine.
A herança que o professor sempre quis deixar aos seus alunos.
Fantástico: Ele explicava por que ele fazia isso? Qual era o propósito dele?
Michelle: Para isso, para que, no futuro, eles pudessem ver. Ele queria fazê-los pensar como seria o amanhã e que no futuro tivessem essa recordação boa da escola, dos amigos, do que eles viveram lá atrás.
Michelle: Para isso, para que, no futuro, eles pudessem ver. Ele queria fazê-los pensar como seria o amanhã e que no futuro tivessem essa recordação boa da escola, dos amigos, do que eles viveram lá atrás.
“A vida apenas começou… Um tempo tão grande se torna infinitamente pequeno que pode se passar em um segundo”, dizia uma outra carta.
“Hoje, onde quer que o professor Geraldo esteja, eu quero agradecer a ele por estar me permitindo voltar 24 anos no tempo e ter a alegria de lembrar dos meus grandes amigos. Obrigado”, diz Anderson Domingos ao se emocionar.
“Impressionante as mensagens que nós temos recebido de pessoas nos procurando, esperando essa carta, como se fosse dar um sentido. Uma nova esperança”, diz Michelle emocionada.
Fantástico: Ele era um homem de planos, de sonhos? De planejar o futuro?
Michelle: Era, era... Planejava, tinha muita... Era decidido. Era corajoso. Era, assim, impetuoso, fazia. Vivia intensamente. Ele sempre viveu intensamente.
Entre os ex-alunos, surgiu naturalmente o desejo de responder ao professor:
“Muito obrigado por nos mostrar a importância da profissão, mestre”, diz a carta escrita por um dos ex-alunos.
“Você não sabe o bem que está me fazendo ao me permitir reencontrar a menina que eu era 24 anos atrás".
“Mestre, onde quer que você esteja, sei que está vibrando e realizado em ver que tudo está acontecendo do jeitinho que planejou”.
“Mestre, onde quer que você esteja, sei que está vibrando e realizado em ver que tudo está acontecendo do jeitinho que planejou”.
Fonte: http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2015/01/
Maria Jeremias Santos
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